domingo, 14 de março de 2010

FILOSOFIA

AULA 26 DE FEVEREIRO DE 2.010

Comprar o livro: Idéia de Justiça de Platão e Hawls - Salvatore

PLATÃO
1. Contexto sócio-político de Atenas
a) Nascimento da filosofia: Séc VI a.C. (pré-socrásticos)
b) Período Socrático: Atenas, Sec. V a.C.
c) Atenas como centro intelectual
- Comércio
- Guerras médicas
- Democracia ateniense: Solon e Clístenes

a) Séc. VI a.C. muitos pensadores são dessa época. Grandes pensadores isolados.
b) O centro intelectual se concentra em Atenas. Atenas no final do Séc. VI e início do Séc. V desenvolve o comercio marítimo, construção de portos, enriquecimento. Jazida de prata ajuda nesse enriquecimento.
c) Guerras médicas. Com a invasão de outros povos. Com a grande concentração de população procurando por melhores condições de vida.
d) Democracia ateniense Sec. VII até V a.C. Difusão de pensamentos. Primeiro corpo democrático, mas não permite de fato a democracia como um todo. Os filósofos então iniciam a criticar a estrutura.

2. Conflito sócio-político entre sofistas e filósofos.
Sophos (sabedoria/conhecimento) X Philosophos (aspirante à filosofia/interesse pelo conhecimento).

Sophistas eram os professores pagos. Não haviam escolas mas apenas instituições militares. Os sophistas ensinavam artes (arete - técnica em grego) diversas mas uma em particular. A arte da retórica. Em pagos e bem pagos. Arte da persuasão e convencimento publico. Os filósofos não se dedicavam a isso. Se contrapunham à retórica (poder do convencimento) pois não busca o conhecimento, apenas impõe algo. E els buscam por conhecimento por idéias de justiça, beleza, igualdade, etc.
Os sophistas eram filhos de famílias ricas, aristocratas e formavam os filhos dos aristocratas para que estes se tornassem novos sophistas.
Os filósofos eram os andarilhos.
Sócrates ficava na praça Ágora. Nasceu em Atenas, assim como Platão

Retórica X Conhecimento

Distinção social: aristocratas X andarilhos

Crítica dos filósofos aos sofistas:
- Mercenários do saber
- Amoralismo (não procuravam fundamentos morais mas basicamente técnicos)
- Charlatões

Crítica dos sofistas aos filósofos:
- Conhecimento inútil
- Desocupados
- Subversão da ordem (alguns jovens aristocratas se aproximavam desses filósofos e acabavam abandonando as idéias sofistas)

3) Sócrates:
- 470 - 399 a.C.
- Filho de mãe parteira e pai escultor
- Herói de guerra
- Oráculo de Delfos: " Só sei que nada sei".
- Processado por "impiedade" e " subversão" de jovens
- Morte por ingestão de cicuta

Ateniense filho de família simples. Chegou a ser escultor durante sua juventude. Depois tornou-se filósofo. Nasce no final da guerra contra os persas. Foi para a guerra e foi considerado heroi pois salva dois combatentes e um general que teria sido pego pelo exercito persa. Ficaram amigos posteriormente.
A guerra gera algumas perturbações nele. Recusa-se a se considerar um herói de guerra e de ser artesão. Foi para as ruas. Torna-se então conhecido em Atenas. Figura pública e passa a ter alguns seguidores. É levado ao oráculo de Delfos (templo onde os sábios se concentravam para ensinar os Deuses). "Só sei que nada sei.".
Diálogos entre Sócrates e sofistas.
Sócrates faz perguntas que levam os sofistas a contratdições e mudarem de opinião.
Sócrates, o filósofo mais sábio do período helenico.
Foi processado por impiedade e subversão.
Sócrates era cético. Não era um descrente. Motivos políticos para processá-lo e não religiosos. Queriam tirá-lo de circulação.
Muitos dizem que as sociedades públicas não queriam que ele morresse. A punição seria envenená-lo mas teriam facilitado a sua fuga.
Ele decide não se defender às acusações. Considerava as organizações injustas e não quis pactuar com elas.
Tentaram então facilitar a fuga. As autoridades não queriam ser vistas como os assassinos de sócrates.
Sócrates então faz um grande discurso no leito de sua morte dizendo que uma injustiça não pode ser combatida com outra. Revela se considerar filho de Atenas. Elabora uma tese da imortalidade da alma.
defende que a alma é imortal. Atos praticados durante a vida eram bons e justos. Preferiu morrer cumprindo à justiça. Sócrates foi comparado à história de Jesus Cristo.
Dante Alighieri o denominou cristão assim como Platão que desenvolveu a tese por Sócrates iniciado.
Pensamentos católicos na época.
Sócrates se nega a salvar a sua propria pele em nome de seus próprios interesses. Dá sua vida por um ideal político.
Feio mas tinha muitos amantes.
Com a morte de Sócrates, vários seguidores passam a desenvolver suas próprias idéias.

4) Platão - Vida e Obra

- 428 - 348 a.C.
- filho de família aristocrática, aos 20 anos une-se a Sócrates.
- após a morte de Sócrates, sai de Atenas (Platão pois tinha ombros muito largos - era um pugilista e defendeu Atenas nas olimpíadas, aspirante à vida política).
- na Sicília, recebe Dionísio de Saracusa ofertas para assumir posições institucionais em seu governo.
- recusa a oferta, criticando a forma "tirânica" de seu governo, o luxo e a cobiça.
- em 387 a.C. retorna a Atenas e funda a "Academia" - "Aqui só entram os geômetras"*
* Geômetras (modelo matemático era o modelo do conhecimento).
Dionísio era um tirano. Não era um Deus.
Fundação da academia tinha uma finalidade política forte que iam contra a política ateniense e contra as injustiças.
Alexandre o Grande foi influenciado por Platão. Grande conquistador de territórios.
Foi aluno de Aristóteles que por sua vez foi aluno de Platão.
Imagem da capela Cistina - academia tendo ao centro Aristóteles e Platão.

Filosofia de Platão seria precurssora do Cristianismo e portanto tem referencias nas igrejas de Roma.
Sócrates nunca escreveu nada - só diálogos.

Idéias de Platão:

Período de Juventude:
Hípias menor, Íon, Laquens, Carmides, Protágoras, Eutifronte, Hípias Maior, Apologia de Sócrates e Críton. Caracterizam-se por terem sido escritos pouco antes ou após a morte de Sócrates. Precede segundo o método crítico de exame das falsas crenças, sendo aporéticos (não tem conclusão positiva).

Diálogos de transição:
Geórgias, Menon, Eutidemo, Lísias, Menexeno, Crátilo. São contemporâneos da fundação da Academia. Neles começam a surgir os temas propriamente platônicos, como o conhecimento por reminiscência (lembrar coisas que já conhecemos e esquecemos) e a exemplaridade da matemática.

Diálogos da maturidade:
Fédon, Repúblicas, Banquete e Fedro. Surge neles o núcleo do pensamento platônico, que contém as teses da imortalidade da alma e suas características, dos princípios do bom Estado e dos meios de atingir o conhecimento das formas.

Diálogos da Velhice:
Teeleto, Parmênides, Sofista, Político, Timen, Crítias e Leis. Aparecem aqui as críticas à filosofia de Heráclito e Protágoras e a ontologia das formas. Aparecem também um esboço de física e uma nova Teoria do Estado.

AULA - 11 DE MARÇO DE 2.010

5) Dialética: “Elenchos” e “Maiêutica”


Dialética: método de conhecimento pela via do diálogo. Convencimento público e convencimento de quem pratica a dialética. Vias para a verdade. Negação de falsas crenças.

Elenchos: procedimento refutativo. Principalmente do dialogo da juventude de Plantão. Refutação de teses mas sem conclusão positiva que pudessem agregar novos conhecimentos.

Maiêutica: auxilia o interlocutor a exteriorizar uma idéia. Teoria positiva do que representa a verdade, sabedoria, coragem, igualdade, etc. Utilização do método dialético para exteriorização de idéias. Facilitavam a dissipação de idéias positivas.

Trazer o livro

AULA - 12 DE MARÇO DE 2.010

6) Teoria das formas como “teoria do conhecimento”

- “Formas”: idéias fixas, perfeitas, imutáveis, que servem de “padrão de medida” às coisas do mundo;
- Conhecimento como busca das “formas imutáveis”
- Processo de conhecimento como “Reminiscência” (lembrança, recordação).Conhecer significa lembrar.
- Provas do conhecimento como reminiscência:
“É impossível buscar algo sem saber o que se está buscando.”

Diagonal do triangulo
Idéia de “igualdade”

7) Teoria das Formas como “ontologia” (conhecimento sobre o próprio ser).
- Dualidade entre Mundo Intelegível (mundo das idéias) e Mundo Sensível (Mundo dos Objetos);
- Mundo Sensível como “espelhamento” imperfeito do mundo inteligível
- Alegoria da Caverna

Leitura do texto (Platão, a República) narrando a conversa entre Sócrates e Glauco.
Platão funda a teoria do conhecimento fundada nas experiências e exerce compreensão particular sobre o que seria a realidade não apenas como uma ilusão. Por isso a relação com as idéias perfeitas.
No texto Sócrates relata o que se via dentro e fora da caverna e a relação entre o que é verdadeiro (real) e ilusório.

Alegoria da Caverna:

Platão, a República

O Mito da Caverna


SÓCRATES – Figura-te agora o estado da natureza humana, em relação à ciência e à ignorância, sob a forma alegórica que passo a fazer. Imagina os homens encerrados em morada subterrânea e cavernosa que dá entrada livre à luz em toda extensão. Aí, desde a infância, têm os homens o pescoço e as pernas presos de modo que permanecem imóveis e só vêem os objetos que lhes estão diante. Presos pelas cadeias, não podem voltar o rosto. Atrás deles, a certa distância e altura, um fogo cuja luz os alumia; entre o fogo e os cativos imagina um caminho escarpado, ao longo do qual um pequeno muro parecido com os tabiques que os pelotiqueiros põem entre si e os espectadores para ocultar-lhes as molas dos bonecos maravilhosos que lhes exibem.

GLAUCO - Imagino tudo isso.

SÓCRATES - Supõe ainda homens que passam ao longo deste muro, com figuras e objetos que se elevam acima dele, figuras de homens e animais de toda a espécie, talhados em pedra ou madeira. Entre os que carregam tais objetos, uns se entretêm em conversa, outros guardam em silêncio.

GLAUCO - Similar quadro e não menos singulares cativos!

SÓCRATES - Pois são nossa imagem perfeita. Mas, dize-me: assim colocados, poderão ver de si mesmos e de seus companheiros algo mais que as sombras projetadas, à claridade do fogo, na parede que lhes fica fronteira?

GLAUCO - Não, uma vez que são forçados a ter imóveis a cabeça durante toda a vida.

SÓCRATES - E dos objetos que lhes ficam por detrás, poderão ver outra coisa que não as sombras?

GLAUCO - Não.

SÓCRATES - Ora, supondo-se que pudessem conversar, não te parece que, ao falar das sombras que vêem, lhes dariam os nomes que elas representam?

GLAUCO - Sem dúvida.

SÓRATES - E, se, no fundo da caverna, um eco lhes repetisse as palavras dos que passam, não julgariam certo que os sons fossem articulados pelas sombras dos objetos?

GLAUCO - Claro que sim.

SÓCRATES - Em suma, não creriam que houvesse nada de real e verdadeiro fora das figuras que desfilaram.

GLAUCO - Necessariamente.

SÓCRATES - Vejamos agora o que aconteceria, se se livrassem a um tempo das cadeias e do erro em que laboravam. Imaginemos um destes cativos desatado, obrigado a levantar-se de repente, a volver a cabeça, a andar, a olhar firmemente para a luz. Não poderia fazer tudo isso sem grande pena; a luz, sobre ser-lhe dolorosa, o deslumbraria, impedindo-lhe de discernir os objetos cuja sombra antes via.
Que te parece agora que ele responderia a quem lhe dissesse que até então só havia visto fantasmas, porém que agora, mais perto da realidade e voltado para objetos mais reais, via com mais perfeição? Supõe agora que, apontando-lhe alguém as figuras que lhe desfilavam ante os olhos, o obrigasse a dizer o que eram. Não te parece que, na sua grande confusão, se persuadiria de que o que antes via era mais real e verdadeiro que os objetos ora contemplados?

GLAUCO - Sem dúvida nenhuma.

SÓCRATES - Obrigado a fitar o fogo, não desviaria os olhos doloridos para as sombras que poderia ver sem dor? Não as consideraria realmente mais visíveis que os objetos ora mostrados?

GLAUCO - Certamente.

SÓCRATES - Se o tirassem depois dali, fazendo-o subir pelo caminho áspero e escarpado, para só o liberar quando estivesse lá fora, à plena luz do sol, não é de crer que daria gritos lamentosos e brados de cólera? Chegando à luz do dia, olhos deslumbrados pelo esplendor ambiente, ser-lhe ia possível discernir os objetos que o comum dos homens tem por serem reais?

GLAUCO - A princípio nada veria.

SÓCRATES - Precisaria de algum tempo para se afazer à claridade da região superior. Primeiramente, só discerniria bem as sombras, depois, as imagens dos homens e outros seres refletidos nas águas; finalmente erguendo os olhos para a lua e as estrelas, contemplaria mais facilmente os astros da noite que o pleno resplendor do dia.

GLAUCO - Não há dúvida.

SÓCRATES - Mas, ao cabo de tudo, estaria, decerto, em estado de ver o próprio sol, primeiro refletido na água e nos outros objetos, depois visto em si mesmo e no seu próprio lugar, tal qual é.

GLAUCO - Fora de dúvida.

SÓCRATES - Refletindo depois sobre a natureza deste astro, compreenderia que é o que produz as estações e o ano, o que tudo governa no mundo visível e, de certo modo, a causa de tudo o que ele e seus companheiros viam na caverna.

GLAUCO - É claro que gradualmente chegaria a todas essas conclusões.

SÓCRATES - Recordando-se então de sua primeira morada, de seus companheiros de escravidão e da idéia que lá se tinha da sabedoria, não se daria os parabéns pela mudança sofrida, lamentando ao mesmo tempo a sorte dos que lá ficaram?

GLAUCO - Evidentemente.

SÓCRATES - Se na caverna houvesse elogios, honras e recompensas para quem melhor e mais prontamente distinguisse a sombra dos objetos, que se recordasse com mais precisão dos que precediam, seguiam ou marchavam juntos, sendo, por isso mesmo, o mais hábil em lhes predizer a aparição, cuidas que o homem de que falamos tivesse inveja dos que no cativeiro eram os mais poderosos e honrados? Não preferiria mil vezes, como o herói de Homero, levar a vida de um pobre lavrador e sofrer tudo no mundo a voltar às primeiras ilusões e viver a vida que antes vivia?

GLAUCO - Não há dúvida de que suportaria toda a espécie de sofrimentos de preferência a viver da maneira antiga.

SÓCRATES - Atenção ainda para este ponto. Supõe que nosso homem volte ainda para a caverna e vá assentar-se em seu primitivo lugar. Nesta passagem súbita da pura luz à obscuridade, não lhe ficariam os olhos como submersos em trevas?

GLAUCO - Certamente.

SÓCRATES - Se, enquanto tivesse a vista confusa -- porque bastante tempo se passaria antes que os olhos se afizessem de novo à obscuridade -- tivesse ele de dar opinião sobre as sombras e a este respeito entrasse em discussão com os companheiros ainda presos em cadeias, não é certo que os faria rir? Não lhe diriam que, por ter subido à região superior, cegara, que não valera a pena o esforço, e que assim, se alguém quisesse fazer com eles o mesmo e dar-lhes a liberdade, mereceria ser agarrado e morto?

GLAUCO - Por certo que o fariam.

SÓCRATES - Pois agora, meu caro GLAUCO, é só aplicar com toda a exatidão esta imagem da caverna a tudo o que antes havíamos dito. O antro subterrâneo é o mundo visível. O fogo que o ilumina é a luz do sol. O cativo que sobe à região superior e a contempla é a alma que se eleva ao mundo inteligível. Ou, antes, já que o queres saber, é este, pelo menos, o meu modo de pensar, que só Deus sabe se é verdadeiro. Quanto à mim, a coisa é como passo a dizer-te. Nos extremos limites do mundo inteligível está a idéia do bem, a qual só com muito esforço se pode conhecer, mas que, conhecida, se impõe à razão como causa universal de tudo o que é belo e bom, criadora da luz e do sol no mundo visível, autora da inteligência e da verdade no mundo invisível, e sobre a qual, por isso mesmo, cumpre ter os olhos fixos para agir com sabedoria nos negócios particulares e públicos.

AULA 18 DE MARÇO DE 2.010


Leitura do livro A Ideia de Justiça de Platão e Rawls

1.1. A natureza do problema e as questões fundamentais
Trasímaco estava raivoso. Estava discursando. Aula de sofistica. Diálogo sobre justiça e Sócrates participa dessa conversa.
Polímaco e Glauco elogiam as intervenções de Sócrates.
Sócrates entrou e deu opiniões sem ser convidado.
Trasímaco acha ruim e diz que Sócrates só faz perguntas. E isso, na concepção dele era muito fácil.
Havia uma diferença de método de raciocínio.
Sócrates provoca Trasímaco a definir a justiça depois de passar por provas dialéticas.
Sócrates foi irônico ao dizer: “ O fato, penso eu, é que não somos capazes de tanto...”
Sócrates diz que é complicado esclarecer o que é justiça.
Desafio de Sócrates: “me prove que você consegue dar uma definição de justiça sem influenciar externas (idéia de dever, utilidade, etc)
*retórica = arte do convencimento.

AULA 19 DE MARÇO DE 2.010


8) Teoria da Vida Virtuosa (Ética)
a) Interligação entre psicologia e ética em Platão.
- Experiência de “inquietação da alma” e a busca por sua “idéia”.
- O uso dos mitos: mito da formação do Universo.
- “Alma do mundo” e “alma humana”. O “humano” como natureza intermediária entre sensível e inteligível.
- Especificação entre “alma” e “psyché”
- Psicologia como estudo das propriedades ou “funções” da alma humana.
- Ética como exercício virtuoso das funções da alma.

*Explicação do professor: Para Platão psicologia é o estudo da alma humana. A idéia da alma humana é a mais abstrata, a mais difícil de ser conhecida. Só os Deuses poderiam definir a alma humana. Platão então faz uso dos mitos para explicar sobre a alma humana e suas inquietações.

Todo o universo teria surgido de uma grande fogueira, chamada de “alma do mundo” é o impulso motor que mobiliza todas as coisas do universo (anima). Varias partículas são jogadas pelo universo, cai sobre a matéria e gera os seres vivos – animais – com alma – animados. As fagulhas da fogueira caem de diferentes formas e intensidades. As fagulhas maiores teriam mais conteúdo, dando origem a animais dotados de psyché e as menores, a animais sem inteligência.

Platão dizia que seria impossível conhecer a alma humana em seus detalhes pois cada indivíduo é único, desenvolvido de forma peculiar, com características próprias, com bagagens distintas. Portanto a psicologia estudaria matérias que englobariam as funções universais dos seres humanos.

Isso é importante para a ética pois Platão intencionava direcioná-la de forma justa.

b)Psicologia
- Embricamento entre funções da alma e corpo humano
- Funções da alma: apetitiva (concupiscente), colérica (irascível) e racional (mnemônica)
- Função apetitiva ou concupiscente:
- busca a conservação do corpo e a geração de novos corpos (comida, bebida e realização dos apetites sexuais)
- parte do corpo em que se encontra alojada: baixo-ventre.

*Explicação do professor: Cabeça – racional, Torax – colérica, Estômago, baixo ventre (entre o umbigo e o final do tronco) – apetitiva.

Colérica – tudo que possa ameaçar ou fazer mal ao corpo. Onde está situada a ira, a coragem e a cólera diante dos inimigos.

Função colérica ou irascível:
- Busca a defesa do corpo. Opõe-se com raiva ou irritação a tudo aquilo que possa ameaçar a segurança do corpo e a tudo que lhe cause dor ou sofrimento.
- Parte do corpo: cavidade do peito (coração)

Função racional ou mnemônica:
- Faculdade do conhecimento. Única função espiritual e imortal no corpo humano. É a parte “ativa e superior” da alma, o “princípio divino em todos nós”
- Parte do corpo: cabeça (face e cérebro).

c) Ética
- Exercício virtuoso das funções da alma
- As duas funções irracionais da alma humana tendem a agir de maneira passional, descontrolada, colocando em risco os próprios fins por elas almejados;
- A vida virtuosa é aquela comandada pela razão, evitando os vícios próprios de suas funções irracionais;
- Uso racional (ou virtude) das funções irascível e apetitiva: prudência e temperança, respectivamente.
- Virtude própria da função racional: conhecimento. Atingida sempre que não se deixa dominar pelas duas demais funções.

“A alma será virtuosa se a parte racional for mais forte e mais dominadora que as outras duas, se não sucumbir aos apelos do apetite e da cólera, isto é, se não ceder aos apelos irracionais das paixões. Sua virtude própria é o conhecimento. Assim, um homem é virtuoso ou excelente quando vive a vida justa: aquela em que cada função da alma realiza sua própria excelência ou virtude sob a conduta e direção da parte superior, a razão. Sob direção da parte racional, a parte raivosa se torna prudente e domina os impulsos cegos do apetite, tornando temperante a parte concupiscente. A vida viciosa é aquela em que nenhuma das partes da alma consegue realizar a excelência ou virtude que lhe é própria porque a hierarquia de comando não é obedecida e por isso é uma vida injusta, desordem interior contra si e contra os outros. Nela, ora os apetites dominam a parte racional ou a parte colérica, fazendo-as se enganar de objeto e movimento...”

d) Motivação da vida virtuosa
- Banquete e Fedro: amor
- Posição sofistica (Lísias): amor como “desejo louco e delirante”. Vantajoso é “ser amado sem amar”.
- Distinção entre amor e paixão.
- Paixão: desejo das partes irracionais da alma
- desejo concupiscente: posse dos objetos de satisfação
- desejo irascível: vitória (glória) sobre os inimigos e honra da comunidade
- Amor: desejo da parte racional da alma.
- desejo racional: conhecimento.
- “Amor platônico”: amor contemplativo. Desejo de conhecer, de partilhar a alma da pessoa amada estimulado por beleza.
- Fundamental ao estímulo das funções racionais e à busca da “elevação da alma”.

e) Política
- República de Platão. Tema central: investigação sobre a justiça.
- Resposta sofística: Justiça como o bem (a vantagem) do mais forte.
- Senso comum ateniense: ideal “agonístico”. A justiça em um embate (tanto bélico quanto argumentativo) é a vitória do mais forte, do melhor (“ariston”); dever de obediência à norma dos mais fortes, da aristocracia.
- Inversão da resposta filosófica: justiça como o bem de todos os súditos, como a virtude da comunidade política.
- Ideal republicano: busca pelo bem comum.

Trasímaco queria que Socrates desse uma definição de justiça. E como este não o fez, Trasímaco teceu sua própria definição: “Afirmo que a justiça não é nada além da vantagem do mais forte.”


Sócrates então, inicia um questionamento, colocando em dúvida a definição de Trasímaco. Argumenta que a definição de Trasímaco é um completo absurdo. Ele entende que a justiça não deve ser privilégio apenas dos mais fortes.

Trasímaco considera a justiça uma imposição dos mais fortes fazendo com que os mais fracos apenas se submetam a ela. Utilizou-se de diferentes tipos de governo como exemplo onde a justiça visa beneficiar os detentores do poder e seus súdidos devem acatar o que lhes for imposto para que não sejam punidos como transgressores da lei ou da justiça.

Sócrates não concorda com a definição de Trasímaco, alegando que justiça é uma vantagem porém não necessariamente do mais forte.

Iniciaram então um debate sobre a questão das vantagens da justiça.





Contradições de Trasímaco:

1) Na definição de justiça como privilégio apenas dos mais fortes. Como isso seria possível se considerar diferentes padrões? Ex. Um pugilista precisaria de mais carne bovina que uma pessoa fraca e isso não seria justo uma vez que o mais fraco também precisaria de carne. Portanto, a justiça seria um privilégio mas não apenas dos mais fortes.

2) Dizia que a justiça estaria concentrada no poder do Estado, seja qual fosse sua forma de governo. Entretanto, caso o governo agisse em benefício próprio nem sempre poderia obter a vantagem. Consequentemente, a justiça poderia pender ao lado mais fraco.

3)





Ler até a pagina 16. – A idéia de justiça de Platão e Rawls


AULA 08 DE ABRIL DE 2.010



F) Como se alcança a justiça política (“justiça da Polis”)?

- instituições justas

- educação pública



a) Instituições justas: organização das funções do corpo político pautada na ordem virtuosa da alma.



- Função racional:

. atividade política: governo da cidade (editar leis e executá-las)

. virtude específica: sabedoria

. classe de cidadãos: governantes (administradores públicos, dirigentes políticos e magistrados).



- Função irascível:

. atividade política: defesa da cidade

. vícios: cólera, gosto pelos combates e exposição a perigos desnecessários

. virtude quando governada racionalmente: coragem

. classe de cidadãos: guardiães (guerreiros)



- Função apetitiva:

. atividade política: sobrevivência da cidade (produção econômica)

. vícios: conflitos econômicos, acumulação excessiva e miséria

. virtude: temperança

. classe de cidadãos: agricultores, comerciantes e artesãos



b) Educação Pública

- Crianças: “filhos de toda a comunidade”

- Até os sete anos: todas as crianças 9de todas as classes e de ambos os sexos) recebem a mesma educação pública comum (ginástica, poesia e jogos);



- 1ª. seleção (sete anos): escolha dos guardiões

. Pedagogia: alfabetização, artes marciais e treino militar

. As crianças não selecionadas são adotadas pelas famílias da classe econômica, podendo se casar e adquirir propriedades.



- 2ª. seleção (vinte anos): escolha dos governantes

. Pedagogia: estudo das matemáticas avançadas (aritmética, geometria e astronomia) e do pensamento hipotético-dedutivo;

. Os jovens não selecionados tornam-se guerreiros



- 3ª. seleção (trinta anos): escolha dos altos postos da administração pública

. Pedagogia: estudo da “ciência mais elevada”, a dialética;

. Os não selecionados assumem funções reguladas (subalternas) de administração pública e de comando militar;



- 4ª. seleção (trinta e cinco anos): escolha dos dirigentes políticos (criam as leis que serão executadas pelos administradores);

. Pedagogia: dialética aplicada aos assuntos políticos e morais;



- 5ª. seleção (cinqüenta anos): seleção dos magistrados (“Reis Filósofos”)

. Possuem o poder de sancionar e revogar leis, estabelecem os critérios dos exames seletivos e assuem funções superiores de ensino filosófico.



felipegons@hotmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário